O esforço pode te levar mais longe do que seu talento

A pesquisadora de Stanford Carol Dweck vem estudando a motivação e perseverança desde os anos 1960. E ela descobriu que as pessoas se enquadram em uma das duas categorias:

– Aqueles com uma mentalidade fixa (fixed mindset), que acreditam que seus sucessos são resultado de seu talento inato;
– Aqueles com uma mentalidade de crescimento (growth mindset), que acreditam que seus sucessos são o resultado de seu trabalho duro, de seu esforço.

Por que algumas crianças se esforçar mais; por que algumas crianças desistir?

O esforço pode te levar mais longe do que seu talento

Mentalidade fixa

Pessoas com uma mentalidade fixa tendem a acreditar que estão presos à “quantidade de inteligência” com que nascemos. Eles tendem a concordar com o fato de que se você precisa se esforçar, é porque você não tem habilidade o suficiente. Do contrário, você não teria que se esforçar tanto.

A forma como vivenciam a sensação de falhar ou errar, pode ser bem difícil para eles pois tendem a se sentir encurralados. Pensam que eles não devem ser tão talentosos ou inteligentes o suficiente e isso pode afetar sua autoconfiança. O erro os deixam expostos. Conseqüentemente, tendem a evitar desafios ou tentar experiências novas, com medo de falar e portanto, parecer menos inteligentes.

Mentalidade de crescimento

Pessoas com uma mentalidade de crescimento tendem a acreditar que a inteligência pode ser desenvolvida, que ela pode aumentar. Quanto mais você aprende, mais inteligente você se torna. Na verdade, a neurosciência já explica esse fenômeno do aprendizado. Quanto você aprende algo novo, o seu cérebro faz novas conexões. Além disso, as pessoas com mentalidade de crescimento tendem a acreditar que, mesmo pessoas geniais, têm que se esforçar e trabalhar duro. Diante de algum contratempo, falha ou erro, eles acreditam que podem melhorar, investindo mais tempo, prática e esforço. Valorizam mais o aprendizado do que parecerem inteligentes. Consequentemente, tendem a perseverar diante de tarefas difíceis.

Não tenho nada de especial, apenas insisto mais em um problema do que a maioria das pessoas.

Albert Einstein

Como são criados esses mindsets? Segundo Dweck, a forma como elogiamos as crianças, mesmo a partir de 1 ano de idade, influencia o desenvolvimento de um ou de outro mindset.

Em um dos seus estudos, Dweck reuniu alunos do quinto ano, divididos aleatoriamente-los em dois grupos, e os fez trabalhar em problemas de um teste de QI. Em seguida, ela elogiou o primeiro grupo por sua inteligência:

“Nossa, isso é uma ótima pontuação. Você deve ser muito inteligente para isso. “

Ela elogiou o segundo grupo por seu esforço:

“Nossa, isso é uma ótima pontuação. Você deve ter se esforçado muito. “

Ela continuou o estudo e pediu às crianças para escolher entre uma tarefa mais difícil ou uma mais fácil. Sabe o que ela descobriu? Crianças elogiadas por seu esforço tendem a escolher a tarefa mais difícíl, focando no que poderiam aprender mais. Eles eram mais propensos a continuar a sentir motivados a aprender, e mantêm sua autoconfiança mesmo diante de problemas mais difíceis. Por outro lado, crianças elogiados pela inteligência escolheram a tarefa mais fácil, sabendo que havia uma chance maior de sucesso e não queriam parecer menos inteligentes caso não conseguissem realizar a tarefa. Eles perderam a autoconfiança quando diante de problemas mais difíceis. Além disso, eram muito mais propensos a inflar suas notas quando perguntados.

Mais tarde, Dweck e seus colegas fizeram o estudo em casas de famílias. A cada 4 meses, durante 2 anos, pesquisadores de Stanford e da Universidade de Chicago visitaram 53 famílias e registraram durante 90 minutos como eles se comportavam em suas rotinas. As crianças tinham 14 meses de idade no início do estudo. Os pesquisadores calcularam quantas vezes os pais usavam cada tipo de elogio: elogiavam o esforço; elogiavam traços de personalidade; e outros elogios com efeito neutro, como “Uau!”.

Depois de 5 anos, os entrevistaram as crianças, que estavam entre 7 e 8 anos de idade, em suas atitudes diante de desafios e aprendizados. Crianças com uma mentalidade de crescimento tendem a ser mais interessados em desafios. E quais crianças tinham uma mentalidade de crescimento? Aquelas que tinham ouvido mais elogios que focavam em seus esforços e no processo.

E o que fazer com as pessoas que parecem ter a mentalidade fixa?

Dweck tinha a mesma pergunta. Ela ensinou alunos de ensino médio e estudantes universitários que tinham mentalidades fixas e descobriu que os alunos foram capazes de melhorar suas notas quando eles foram ensinados que o cérebro é como um músculo e que a inteligência não é fixa.

Lembre-se disso quando for elogiar seu filho.


Baseado no trabalho da Carol Dweck, esse vídeo feito pelo Khan Academy é bem interessante e motivador.

Failing is just another word for growing.

Khan Academy

Clique aqui e veja o vídeo (em inglês)


Se quiser aprender mais, sugiro a leitura do livro de Carol Dweck, chamado Mindset.

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