Pedagogia Alternativa

Desde que comecei a me aprofundar na Educação e em suas abordagens, me deparei com uma necessidade de entender como as crianças aprendem e como os adultos aprendem. Para as crianças, temos a pedagogia. Para os adultos, a andragogia. Venho aqui fazer um resumo sobre a diferença de ambas as abordagens.

O papel do aluno tende a ser, por definição, na Pedagogia, um papel de dependente. A expectativa do papel do professor pela sociedade é de que ele tenha total responsabilidade em determinar o que deve ser ensinado à criança, quando deve ser ensinado e como deve ser ensinado. Por fim, se, de fato, foi aprendido pelo aluno.

Além disso, as experiência que os alunos enquanto crianças trazem para momentos de aprendizado são vistas como de pouco valor. São vistos como seres com pouca experiência para contribuir, pouca vivência. Pode ser um ponto de partida para o aprendizado, porém, na Pedagogia, o que os alunos irão aprender será proveniente do professor, dos livros ou de outros materiais ou ainda, especialistas. Portanto, as técnicas mais usadas são os métodos didáticos de transmissão de conhecimento na Pedagogia.

As crianças, portanto, aprendem o que a sociedade espera que eles aprendam. Ou o que os professores, a escola e os pais determinan. Sem escolha. Sem voz. Sem decisão. Assim, o aprendizado é a aquisição de assunto, com o currículo em sua grande maioria das vezes, organizado por assuntos.

Já na Andragogia, enquanto adultos, é natural que o processo de amadurecimento leve o adulto da posição de dependência da Pedagogia para o auto-direcionamento. O nível de auto-direcionamento é diferente para cada adulto, mas essa tende a ser uma tendência da Andragogia. Os professores têm a responsabilidade de encorajar esse processo e apoiá-lo. Geralmente, os adultos possuem uma profunda necessidade psicológica de ser autônomo e de se auto-dirigir, ainda que exerçam um papel de dependência em alguns momentos temporários

Ainda, os adultos tendem a ser reconhecidos como um rico recurso para a aprendizagem. Portanto, diferente da Pedagogia, os métodos de ensino incluem a discussão, o debate, a resolução de problemas e a análise de situações, por exemplo. Por terem experiência e anos de vivência, tendem a ter mais a colaborar e a construir juntos o conhecimento. Os adultos são motivados a aprender porque precisam resolver algum problema, pois são demandados por alguma situação. O aprendizado, portanto, é focado na aplicação do conhecimento na vida prática. Assim, as experiências de aprendizagem tendem a ser baseadas em vivências, uma vez que os adultos tem a o desempenho e a performance como centros da aprendizagem.

Dito isso, me pergunto sobre as várias iniciativas de educação que estão sendo criadas e ovacionadas recentemente. É um mundo de idéias sobre educação que fazem enorme sentido e são muito apoiados pela pesquisa, mas são pouco compreendidos ou pensado pela maioria das pessoas .

Estas abordagens nutrem características como iniciativa, criatividade, autonomia e foco, além de promover o auto-conhecimento, já que a criança decide o que quer fazer baseada no que ela gosta de fazer.

Escola da Ponte, criada por José Pacheco preconiza que as crianças também são seres que controlam sua própria aprendizagem. Durante a maior parte da história humana, as próprias crianças educadas através da observação, explorando, questionando, brincando e participando . Esses instintos educativas ainda funcionam muito bem para as crianças que são fornecidos com as condições que lhes permitam florescer. O documentário Quando Sinto que Já Sei provoca o público a pensar em outras abordagens pedagógicas para as crianças. Outras iniciativas como a Educação em casa, chamada de homeschooling e difundida nos EUA, começam a ganhar adeptos no Brasil, ainda que o governo e alguns juristas alegam que tirar uma criança da escola é ilegal. Por outro lado, alguns pais defendem o direito de eles próprios – e não o Estado – decidirem como e onde os filhos serão educados.

Essas iniciativas vão contra o que a Pedagogia defende. São guiadas por verdadeiros interesses das crianças que aprendem a partir de um real interesse e por meio de uma tarefa que pode ser divertida. Essas opções incluem escolas democráticas , em que as crianças dirijam suas próprias atividades e participam ativamente na gestão e nas decisões da escola. São espaços de auto-aprendizagem, onde as crianças buscam seus próprios interesses , com o apoio dos pais e outros membros da comunidade, além dos professores, ou melhor, facilitadores do aprendizado. Estas abordagens nutrem características como iniciativa,criatividadeautonomia e foco, além de promover o auto-conhecimento, já que a criança decide o que quer fazer baseada no que ela gosta de fazer. Essas características promovem satisfação com a vida e são cada vez mais essencial para o sucesso em nosso mundo em rápida mudança. Como um bônus adicional , o custo financeiro de tais abordagens provou ser muito menos do que a escolaridade chamada de “tradicional” .

Nosso modelo de escolaridade coercitiva não é bom para as crianças. Escolas em que as crianças são obrigadas a suportar (acho que suportar é mesmo o melhor verbo aqui) a aprendizagem é motivada por recompensas extrínsecas e punições , e não por verdadeiros interesses das crianças. Esse modelo acaba suprimindo a curiosidade natural e substitui formas naturais de aprendizagem das crianças. Alternativas reais já existem e têm tido resultados. Porém, a abordagem “alternativa” deveria guiar a real pedagogia.

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